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O Padre António Vieira e as Mulheres
O Mito Barroco do Universo Feminino
![]() | Autor(es): José Eduardo Franco; Maria Isabel Morán Cabanas
Editora: Campo das Letras Ano: 2008 Local de edição: Porto Área de Investigação: Gabinete de Estudos Padre António Vieira Livro distinguido com o PRÉMIO MONOGRAFIA da SOCIEDADE HISTÓRICA DA INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL Estamos perante um livro fascinante que nos propõe uma viagem ao universo do barroco ibérico para observarmos criticamente as representações contrastantes da mulher. Neste estudo, de uma época cultural que é ponto de chegada da grande construção ocidental do mito da mulher, os autores focam a atenção particular e demorada na floresta imensa do sermonário do Padre António Vieira e na forma como o pregador de Seiscentos configura as imagens em torno do universo feminino, recebendo, reproduzindo e reelaborando a herança cultural e mental da compreensão da mulher e do seu lugar na sociedade. O livro demonstra que o genial e desconcertante Padre António Vieira é irremediavelmente filho do seu tempo, embora em alguns aspectos acabe por surpreender-nos com algumas observações no que ao género feminino diz respeito. O Professor Tom Earle, da Universidade de Oxford, escreve no prefácio: "Na verdade, as nossas antepassadas levavam uma vida atribulada! Mas havia excepções, mesmo no mundo androcêntrico de Vieira. Em primeiro lugar, estava a Virgem Maria, por quem o pregador tinha uma profunda devoção. José Eduardo Franco e Maria Isabel Morán Cabanas guiam-nos com mão firme pelos enredos da argumentação fantástica com que nos sermões se proclama a grandeza da mãe de Cristo. Algumas das santas também escapam às críticas do pregador, principalmente Maria Madalena, a maior das penitentes e, por esta razão, e por outras, uma figura admirável. Mas não era ela a maior das penitentes porque anteriormente tinha sido a maior das pecadoras?(…) Devemos felicitar a isenção dos autores de O Padre António Vieira e as Mulheres ao explicar o pensamento do jesuíta, tanto mais que um deles pertence ao sexo que, segundo Vieira, era também intelectualmente inferior ao homem. Mas o espírito racional e científico do livro que tenho o prazer de apresentar nestas poucas palavras é em si uma resposta digna à extravagância e à violência da época barroca. Temos a obrigação de tentar compreender o passado, mesmo nos aspectos que não é possível admirar, e, neste aspecto, os nossos dois autores têm muito que nos ensinar." |