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OBRA SELETA DO PROFESSOR JOSÉ AUGUSTO MOURÃO
O Vento e o Fogo | A Palavra e o Sopro | O Espelho e o Eco
![]() | Autor(es): José Augusto Mourão Editora: Imprensa Nacional Ano: 2017 Local de edição: Lisboa José Augusto Mourão é um nome grande do pensamento português contemporâneo, com destaque para o seu papel na introdução da semiótica entre nós. A sua importante intervenção intelectual, cultural, religiosa e cívica deixou um legado inspirador para a história da reflexão de marca interdisciplinar em Portugal. Estamos diante de um filósofo-teólogo das palavras e da vida, tudo abarcando num afã de questionamento permanente. E por esta via, pela via criadora da pergunta, José Augusto Mourão estabelece um diálogo inédito entre os grandes pensadores da cultura ocidental e das suas margens, desde os protofundadores clássicos da filosofia até aos mais recentes autores que compõem o horizonte hermenêutico mais mediático da epistemologia das ciências sociais e humanas hodiernas.
O pensamento de Mourão que resulta desta sangria de interpretação do sentido das palavras acaba por constituir, na verdade, contemporaneamente um grito, uma revolta, uma resistência contra os fundamentalismos hermenêuticos dos textos, ou melhor, de qualquer texto.
É um dever de justiça altíssimo reunir os textos dispersos que revelam um pensamento original, profundo, mas nem sempre compreendido pelos seus contemporâneos. Estamos diante de um pensamento complexo que lida tanto com as ferramentas da exegese teológica, como se arrisca na hermenêutica semiótica pelas novas regiões voláteis do hipertexto e da literatura digital.
Os textos de José Augusto Mourão são corpos vivos que assumem novas qualidades à medida que os contextos se alteram e que o cortejo dos seus diferentes leitores se alterna, com diferentes olhares e leituras que os enriquecem com novas interpretações. Este reconhecimento da condição não estagnada, nem estagnante de qualquer interpretação, mas sujeita à erosão e à recomposição do tempo, será talvez a grande mensagem que se pode extrair do exercício hermenêutico que funda a novidade do contributo intelectual de José Augusto Mourão e do seu poder extraordinariamente inspirador e fecundador para os que penetram na complexidade labiríntica e alquímica do seu pensamento.
(José Eduardo Franco, a partir do texto de contracapa) |