Título: Compêndio Histórico da Universidade de Coimbra
Autoria: Marquês de Pombal e Junta de Providência Literária | Introdução e coordenação: José Eduardo Franco e Sara Marques Pereira [link para a ficha do investigador]
Editora: Campo das Letras
Ano de Edição: 2008
N.º de páginas: 480
ISBN: 978-989-625-348-6
Apresentação: Publicado em 1771, ainda em pleno consulado pombalino, o Compêndio Histórico representa a primeira denúncia oficial, extremamente violenta, da decadência a que chegou, já na segunda metade do século XVIII, a Universidade portuguesa.
Foi no plano das reformas, em especial nas reformas da Educação, do Santo Ofício e da Censura, que, de uma forma mais incisiva, foi utilizada pelo Governo Pombalino a ideologia antijesuítica para operar a sua justificação política em ordem a explicar a urgência e radicalidade reformista. Estas reformas emblemáticas foram inseridas num dos vetores programáticos prioritários no plano do discurso. Elas integram-se, lato sensu, no programa pombalino de desjesuitização geral do País aplicado exaustivamente depois da expulsão dos Jesuítas, como condição propedêutica para “iluminar” Portugal e fazer o nosso país aproximar-se da Europa do Progresso, Culta e Polida.
Numa boa parte dos documentos legislativos pombalinos que visaram instituir programas reformistas, são sempre os “estragos” praticados pelos Jesuítas que são invocados liminarmente como uma espécie de motivo fundamental, rasando frequentemente a fronteira da demagogia, para justificar a necessidade da intervenção legisladora do Estado.
O Compêndio Histórico da Universidade, que se apresenta como uma espécie de documento-relatório, enquadra-se neste género de literatura legitimadora das reformas pombalinas e mitificante da alegada ação degeneradora da Companhia de Jesus. O Marquês de Pombal patrocinou e supervisionou, no plano pedagógico, a elaboração e publicação desta obra paradigmática com vista a fundamentar a avaliação negativa da ação educativa dos Jesuítas em Portugal, a partir da Universidade de Coimbra.
O paradigma educativo que a reforma pombalina queria revogar e substituir é ali identificado com o jesuitismo pedagógico e este com a escolástica, que teria feito mergulhar as Letras e as Ciências lusitanas numa “escuridão” que urgia “iluminar” através de um processo reformista depuratório das causas recenseadas de tão “devastadora” decadência.
Esta obra, ao lado da Dedução Cronológica e Analítica, é uma das mais emblemáticas da produção ideológica política pombalina e teve uma influência significativa na fundamentação da sua reforma universitária, bem como nas sucessivas leituras pós-pombalinas da História da Educação em Portugal.