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Padre Manuel AntunesCronobiografiaPADRE MANUEL ANTUNES, sj Marcos de uma vida intensa Por José Eduardo Franco Intróito O Padre Manuel Antunes (1918-1985) foi um mestre excepcional que marcou para toda a vida milhares de estudantes ((da Faculdade de Letras)) que, ao longo de mais de um quarto de século, passaram pela Faculdade de Letras de Lisboa. A sua memória continua viva e a iluminar o caminho de quantos o conheceram, ouviram e leram. Nos tempos difíceis que a sociedade atravessa, parece de elementar bom senso o regresso ao silêncio criador em que se possam escutar palavras de sabedoria que nos ajudem a redescobrir os valores fundamentais e a "Repensar Portugal". Neste contexto, a actualidade de Manuel Antunes, em vez de nos fixar no passado irremediavelmente desaparecido, deve reconfortar a nossa vontade de futuro, apetrechando-a com o sentido das coisas essenciais, tão facilmente corroído pelo acessório e pela sedução do superficial. De entre os créditos associados à memória do mestre notável, contam-se o perfil de humanista, a escuta atenta dos sinais dos tempos, a disponibilidade para ouvir o outro e compreender as diferenças, a procura do essencial na floresta do efémero, o espírito de tolerância, a opção pelo que aproxima e une em vez do que pode afastar e dividir, o gosto do universal cultivado no conhecimento do singular, a arte da síntese que não despreza a paciência da análise nem o enraizamento concreto, a consciência de cidadania vivida com responsabilidade e vigilância. Estes são alguns dos muitos traços que fazem do percurso intelectual e cívico de Manuel Antunes uma referência de cultura, que a sociedade portuguesa não pode perder de vista se quiser manter a sua identidade e vencer a batalha do futuro.
1918 – Nasce a 3 de Novembro na Sertã (Beira Baixa). 1931 – Depois de ter concluído de forma brilhante a escola primária na sua terra natal, ingressa na Escola Apostólica (Seminário Menor) da Companhia de Jesus, primeiro no Seminário da Costa em Guimarães (1931-35) e depois em Macieira de Cambra (1935-36). 1936 – Com 18 anos de idade entra no Noviciado da Companhia de Jesus, sediado no Convento de Alpendurada, Entre-os-Rios (Marco de Canavezes). 1940 – Conclui o 1.º Ano do Juniorado (Humanidades) no antigo Convento da Costa, em Guimarães, e o 2.º Ano do Juniorado (Ciências) em Braga. 1943 – Licencia-se em Filosofia no Instituto Beato Miguel de Carvalho, actual Faculdade de Filosofia de Braga da Universidade Católica. Neste Instituto Superior foi co-fundador da Academia de São Tomás. 1943-1946 – Faz a sua primeira experiência docente cumprindo três anos de Magistério, na qualidade de professor dos estudantes da Companhia que frequentavam o chamado Curso Superior de Letras, após o Noviciado, no Seminário da Costa, em Guimarães. Lecciona Retórica Latina e Língua Grega, Língua e Literatura Gregas, Retórica e Humanidades Latinas. Ao mesmo tempo, ficou responsável pela redacção da crónica da casa. 1946 – Ingressa na Faculdade de Teologia de Granada, dirigida pela Companhia de Jesus. 1949 – Recebe a ordenação sacerdotal em Granada no dia 15 de Julho, conferida por D. Rafael Alvarez Lara, Bispo de Guadix. 1950 – Conclui a primeira fase da sua formação teológica com distinção e Louvor, na Faculdade de Teologia de Granada. 1951 – Completa o ciclo da sua formação teológica e espiritual em Namur (Bélgica), cumprindo o ano da chamada Terceira Provação. 1951-1955 – Ensina na Escola Apostólica e no Noviciado da Companhia de Jesus, instalados em Soutelo, as disciplinas de Literatura e Retórica Latina, Gramática Grega, Composição Literária, Literatura Portuguesa e Língua Latina. Exerce também as funções de Bibliotecário, Director Espiritual e Director da Congregação Mariana para Homens de Viana do Castelo. 1954 – A 21 de Fevereiro faz profissão solene dos 4 votos na Ordem de Santo Inácio. 1955-1956 – Fixa residência na Casa dos Escritores da Companhia de Jesus, sede da Revista Brotéria. Começa a exercer as funções de redactor desta revista, para a qual colaborava desde 1940, nomeadamente nas secções de Crítica Literária e de Cultura. Ensina Teologia no Curso Superior de Religião para Religiosas. 1957 – É Convidado pelo Professor Vitorino Nemésio para exercer as funções de Professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde começa a ensinar uma cadeira transversal aos vários cursos de Letras chamada História da Cultura Clássica. 1959-1960 – Ensina a cadeira de História da Filosofia Antiga, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. 1960 – Publica Ao encontro da palavra: Ensaios de Crítica Literária , pela Liv. Morais e Do Espírito e do Tempo , pela Editora Ática. 1964-1967 – Exerce as funções de Superior da Casa de Escritores dos Jesuítas. 1965 – Nomeado Director da Revista Brotéria. Participa como delegado na 31.ª Congregação Geral da Companhia de Jesus, realizada em Roma, na qual foi eleito o Superior Geral Pedro Arrupe. Assume a leccionação da cadeira de História da Civilização Romana, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. 1965-1967 – Rege também em paralelo os cursos de História da Filosofia Clássica, no Instituto Superior Católico. 1965-1975 – Exerce funções de Consultor no governo da Província Portuguesa da Companhia de Jesus. 1967 – Publica, pelas Edições Brotéria, a separata Função da Teologia no Mundo de Hoje e é eleito sociocorrespondente da Academia das Ciências de Lisboa. 1972 – Edita Indicadores de Civilização , pela Editora Verbo, Educação e Sociedade, pela Editora Sampedro e Grandes Derivas da História Contemporânea , pelas Edições Brotéria. 1972-1974 – Conselheiro do Grupo de Planeamento Cultural do Ministério da Educação Nacional. 1972-1975 – Interrompe o seu mandato como director da Revista Brotéria. 1970 – Participa, como delegado, na Congregação de Procuradores da sua Ordem. 1974 – Participa, na qualidade de Delegado da Província Lusitana, na 32.ª Congregação Geral da Companhia de Jesus, realizada em Roma. 1979 – Publica Repensar Portugal , na Editora Multinova. 1980 – Edita, pela Multinova, Occasionalia – Homens e Ideias de Ontem e de Hoje. 1981 – Recebe o grau de Doutor Honoris Causa das mãos do Reitor da Universidade de Lisboa. 1983 – É Condecorado com as insígnias de Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada, pelo Presidente da República, o General Ramalho Eanes. 1985 – Morre a 18 de Janeiro no Hospital de Santa Maria. ![]() ![]() ![]() ![]() |
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